24 de nov. de 2012

[Entrevista] Paula Fernandes ao Diário de Pernambuco.

"Minha missão é emocionar as pessoas", diz Paula Fernandes.

Cantora, atração de sexta-feira no Chevrolet Hall, é a renovação no segmento feminino sertanejo. Ela falou ao Viver sobre a vida e a carreira
jornada começou cedo. Aos dez anos, veio o primeiro disco. Aos 12, um contrato com uma companhia de rodeios e a oportunidade de rodar o Brasil com a missão de encantar sobre os palcos. Paula Fernandes saiu das entranhas de Minas Gerais para cantar os sentimentos, as desventuras do amor e, a exemplo da tradição sertaneja do país, os aspectos da natureza. A trajetória penou até encontrar o reconhecimento. A reviravolta viria com a celebração de um contrato com a gravadora Universal (em 2008) e a parceria com o rei Roberto Carlos (em 2010) durante gravação de especial de fim de ano diante de 700 mil pessoas. Em pouco tempo, o suor vingou.

A cantora de Pássaro de fogo brilhou para a audiência brasileira. E mundial. Em 2011, tornou-se o nome mais procurado no Google, liderou as vendas de álbuns no Brasil e atingiu a 27ª colocação na lista dos mais comercializados internacionalmente. Da fama para a carreira, Paula manteve a simplicidade. Continuou a rotina de shows pelo Brasil com o jeito suave de cantar e a serenidade na hora de arrebatar fãs. E foram muitos. No canal do YouTube, há vídeos com mais de 35 milhões de visualizações. No Facebook, as “curtidas” ultrapassaram 1,7 milhão.

No plano sertanejo, embora a cantora procure se desvencilhar do rótulo de música brejeira, o sucesso reaqueceu a história das divas do gênero. Desde Roberta Miranda, a terceira voz com mais discos vendidos no país, o estilo brotado dos grotões brasileiros ansiava por um timbre capaz de manter a fibra musical feminina do interior. Desde a década de 1940, as mulheres se lançaram ao mercado predominantemente formado por homens. Enfrentaram limites sociais imposto pelo machismo, as barreiras familiares e até mesmo o gosto do público afeiçoado mais aos cantores em virtude do sentimentalismo das canções
Mas o sertanejo de saias venceu. E Paula, hoje, serve de farol bem-sucedido para cantoras do desdobramento do gênero universitário enveredarem pela profissão. É a vitória da resistência caipira brasileira.
Abaixo, uma entrevista com a cantora, que se apresentou ontem no Recife, no Chevrolet Hall, sobre a carreira e a vida:

- As tuas letras passeiam pelas emoções com uso elegante de metáforas associadas a elementos da natureza. O amor realizado, a ausência do companheiro, os sonhos alimentados. O coração está todo ali. A inspiração reflete o que você é, vive e o ambiente onde cresceu? Ou é uma livre criação? Como é teu processo criativo?
Normalmente o compor é muito particular e intenso, uma situação, uma sensação, um cheiro, tudo pode me inspirar. Para começar a compor basta ler uma frase bonita, ouvir uma canção. Às vezes acordo no meio da noite para compor...Meu processo criativo é totalmente intuitivo. Só componho quando a inspiração vem, e ela não tem hora nem momento pra chegar. É bom falar do que as pessoas sentem. Do cotidiano, dos sentimentos de uma forma mais pura. Me sinto duplamente responsável, porque além de cantar as canções, sou eu quem transmite as mensagens.

Você é dotada de uma bela voz e compõe as próprias músicas. Onde se sente mais feliz: na pele de cantora ou de compositora?
Sou realizada com as duas coisas, não consigo imaginar uma sem a outra.
Que mensagem você quer passar com as suas músicas?

Como quer que cheguem e se traduzam na realidade de quem as ouve? Quero passar a minha verdade, por isso acho importante compor.

Você nasceu musicalmente sob o manto do gênero sertanejo. O que conserva do estilo e o que te liberta dos rótulos? Incomoda quando te definem? Por quê?
Não gosto de rotular minha música, já que também sou compositora. Prefiro não me reprimir e deixar a inspiração fluir, como for...

Você cantaria axé, pagode, samba, rock ou outro ritmo? Pensa nisso? O que falta para isso acontecer?
Se algum dia eu tiver inspiração para compor um samba, farei com prazer.